Captain America The Winter Soldier: o filme onde ninguém pode morrer. Nem os mortos. (1)


Recentemente fui ver este filme ao cinema e não pude deixar de vir aqui oferecer a minha opinião sobre ele. Aviso, spoiler alert! - O conteúdo que estiver em letra mais pequena é spoiler. 

Plot
Parece que os guionistas deste filme quiseram abençoá-lo com a dádiva da vida. Os vivos não morrem e os mortos ressuscitam para dar plot a este filme. Antes de mais fiquem descansados porque o vilão do primeiro filme não ressuscitou (como às vezes acontece em sequelas estúpidas). Houve alguma decência na insanidade de pôr tudo alive
and in good health (or almost).Dando seguimento ao filme Avengers, o Capitão América continua ligado à SHIELD e a tentar estar a par de um mundo tecnologicamente desenvolvido no qual ele foi entrou de pára-quedas (ou de avião, literalmente falando) e, como tal, está a tentar perceber o seu lugar e o seu papel no mundo. No início do filme, ele obedece a tudo o que lhe mandam fazer na SHIELD, até que percebe que afinal nem tudo é preto no branco e que não pode confiar em qualquer pessoa. No entanto, plot convenience, ele parece confiar sempre no Fury e na Natasha. Facto é que a Natasha se revela uma aliada capaz de o ajudar e que o Fury se torna no good guy a proteger. A SHIELD começa a tornar-se num problema (graças à HYDRA, camuflada dentro da SHIELD) e ao mesmo tempo surge uma nova ameaça, que muitos espiões dizem não existir, chamado Winter Soldier. É responsável por um grande número de mortes nos últimos 50 anos e anda a perseguir Steve e Natasha. Entretanto, eles querem saber quem é que "matou" Fury, dado que as provas apontam para... o Fury (complô bem pensado até. Todas as ações suspeitas da SHIELD feitas por alguém que incriminou o Fury, que ao mesmo tempo faz ações para travar esses feitos). O Winter Soldier revela-se como o (falecido) Bucky, melhor amigo de Steve, que sobreviveu estes anos todos por ser uma experiência da HYDRA. No final, o verdadeiro problema não é o Winter Soldier, é a HYDRA, que quer exterminar a humanidade em prol de um mundo ilusoriamente livre.
Nota-se o uso de fórmulas típicas em histórias de super-heróis. O que vai mover Steve Rogers a entrar em luta vai ser a salvação da humanidade (neste caso eu achei um motivo inteligente. Acaba a ser o mesmo que o motivara anteriormente, na sua vida durante a II Guerra Mundial), há um vilão de ideias fixas. No entanto, toda a demanda por manter as personagens vivas e trazer personagens de outra época acaba por demonstrar falta de imaginação ou desespero dos guionistas em fazer algo que trouxesse dinheiro. Acho que faltou mostrar experiências similares ao Winter Soldier, dado que supostamente elas existiram e algumas foram um sucesso. Achei piada às referências ao Tony Stark ao longo do filme, a mostrar que os vários heróis da Marvel estão interligados, assim como os filmes, só que a dada altura parece um exagero, quase como o product placement no filme (na América só existem Chevrolets, de acordo com este filme).

Personagens


Capitain America/Steve Rogers



Neste filme, a personagem de Steve Rogers é um homem cheio de dúvidas e interrogações sobre si, sobre o bem, sobre o que quer fazer. No primeiro filme do Capitão América, ele sabia bem o que queria fazer, o que o fazia feliz e estava bem definido o lado dele, da América, e o lado oposto, na Alemanha. No filme Avengers ensinaram-lhe qual a sua missão e, como soldado que é, cumpriu sem questionar. Só que agora o soldado aprende que nem tudo é o que parece, não se pode confiar cegamente nas pessoas. Destaca-se a parte em que o Steve vai ao Museu do Capitão América numa espécie de "regresso às origens" ou ao ponto de partida, para descobrir qual o caminho a seguir.

Peggy

Sim, a Peggy está viva. No primeiro Capitão América, vemos a Peggy como uma mulher forte e dura, que no final se derrete um pouco pelo Steve. Aqui, a Peggy aparece como uma debilitada doente de Alzheimer que o Steve visita numa altura de dúvidas existenciais. Trazer esta personagem para o filme deixa-me de pé atrás, não sei se foi boa ideia ou não. Nem percebo qual é a ideia, foi para pôr um ponto final na história dos dois quando já havia um ponto final? Foi para mostrar que uma parte dela ainda esperava por ele? Foi para o ajudar na sua crise existencial?

Fury

O badass do Fury veio mostrar que consegue ser um... badass. Isto porque até da morte se safa, mostrando saber mexer-se melhor no jogo de espiões do que os seus inimigos. O que há de novo: uma aproximação entre ele e o Steve e vemos que tem muita gente do seu lado, incluindo Natasha.

Natasha


Uma personagem secundária com muita densidade e carácter neste filme. Por um lado foi bom ver uma personagem assim, toda badass mas com segredos no passado (que fiquei com vontade de saber quais são). Contudo, vem mostrar que o Capitão América não conseguiria desenvencilhar-se sozinho. Bem, também é verdade que o Capitão América raramente fez algo sozinho (estou a pensar nos dois filmes anteriores em que ele aparece). Ter uma personagem cheia de personalidade, estilo e história ao lado do Steve é positivo e adensa o filme. Fiquei com vontade de ver um filme em que se descobre o passado dela e no qual ela é protagonista.


Sam Wilson/Falcon

Verdadeira personagem secundária do filme, este é o típico ajudante que surge na altura certa. É apresentado no início como um antigo soldado e chega a um ponto em que se descobre que ele sabe pilotar um aparelho que o faz voar. Como personagem secundária que é, pouco sabemos dele, ajuda o Steve na sua crise existencial, ajuda a eliminar a ameaça de extermínio da população e parece satisfeito com o papel que assume na história (tão típico de uma personagem secundária).

Alexander Pierce

Também surge numa fórmula típica, na do vilão, embora não se descubra que ele está no lado do mal até meio da história. Pouco sabemos do passado/motivos dele, sabemos que é a favor de um lado, de avançar com o projeto de matar pessoas para assegurar a tranquilidade, é de ideias fixas como um vilão. É um pouco burro também (faz parte), conseguindo cair na armadilha do Fury (mas ainda dá luta). Apesar de ter uma personagem simples, gostei de ver o Robert Redford a interpretá-la.

Winter Soldier

Aparece no início como um assassino implacável, mas acaba por ser mais uma arma do que uma pessoa. O filme dá-lhe algum mistério até retirar a máscara e Steve o tratar por Bucky. O Winter Soldier fica confuso e começa a questionar sobre o nome e flashbacks aparecem na sua mente. No entanto o filme não lhe dá um final conclusivo, ele continua sem descobrir o que lhe aconteceu ou quem foi. São pontos a favor dos argumentistas, que deram realismo à história e dão uma razão para esta continuar. 

Zola

Uma personagem revelação, a impressão que temos no filme Capitão América é a de um homem fraco, sem poder, e no entanto foi a sua inteligência que lhe trouxe longevidade e poder. Um vilão pouco comum e futurista no seu background, a meu ver bem pensado e uma boa surpresa (apesar de ser mais uma personagem renascida).

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